Eles não podem ter carro, telefone ou TV. Seguem uma religião avessa à tecnologia. Mas os amish já começam a empreender. Entenda como seus hábitos antigos ajudam nos negócios.
Daqui a 100 anos, os historiadores que quiserem traçar um retrato fiel de como vivia um americano em 2010 devem passar longe da cidade de Lancaster, no estado da Pensilvânia. Distante 200 quilômetros de Nova York, ela é uma exceção no mundo contemporâneo. No acostamento das pavimentadas rodovias que levam à cidade, charretes passam conduzidas por sujeitos de chapéu preto e barba comprida. O visitante que chega ao centro tem a impressão de entrar no cenário de um filme de época. Além dos barbudos, muitas mulheres usam vestidos pretos e véus que lhes cobrem a cabeça. No ônibus 13, que faz o trajeto entre o centro de Lancaster e a área rural, elas falam e riem de forma discreta. Mas alto o suficiente para se notar que a língua não é o inglês. Se faltava alguma prova contundente de que Lancaster não é um vilarejo do interior americano do século 21, ela está nas placas de grandes redes de varejo, como Walmart e Target, que trazem a indicação “estacionamento para cavalos e buggies”. Lá, meia dúzia de cavalos come feno enquanto seus donos fazem compras.
A impressão de que se entrou num túnel do tempo deve-se às origens de pelo menos 30% das pessoas que vivem na região de Lancaster. Elas pertencem à ordem dos amish, um grupo religioso conservador consolidado no século 18, na Europa, que migrou para os Estados Unidos fugindo de perseguições. Repleto de terras férteis que poderiam lhes garantir o sustento por meio da agricultura, o estado da Pensilvânia foi o primeiro lugar onde os imigrantes aportaram. No início, chegavam em pequenos grupos e não passavam de 3 mil pessoas. Mas tal qual pregam os versos da Bíblia, eles cresceram e se multiplicaram. Os amish formam hoje uma comunidade de 250 mil pessoas, que se distribui ao longo de 27 estados americanos e parte do Canadá. Em Lancaster vive a maior parte: cerca de 60 mil.
CRENÇA E NEGÓCIO
Desde os primeiros imigrantes, os amish dedicaram-se essencialmente à agricultura e à pecuária. Orientados pelas regras do Novo Testamento, eles conseguiram manter um estilo de vida e de trabalho do século 18, com restrições impensáveis para a maioria dos americanos hoje. Nada de energia elétrica, por exemplo, que é proibida dentro de casa. Telefone? Só o público. Veículos motorizados? Apenas carona ou ônibus. Taciturnos, vestem-se de forma simples, sem nenhum acessório que remeta à vaidade, como cinto, trocado pelo suspensório.
Uma transformação radical, porém, está começando a mudar a organização secular dessa comunidade. Todas as regiões onde os amish se encontram começaram a testemunhar o surgimento de uma enxurrada de novos negócios capitaneados por esses religiosos. A responsável pelo movimento é uma nova geração de empreendedores, que está deixando para trás o trabalho no setor primário e passando a montar os próprios negócios. Já são ao todo 9 mil empreendimentos, a metade aberta nos últimos cinco anos. Esse tempo foi suficiente para que a maioria dos amish já não tenha mais a agricultura como principal fonte de renda.
Conhecidos pelo extremo rigor quanto à adoção de novas tendências, os amish estão levando seu modo simples de vida e suas crenças para os negócios que administram – com todas as vantagens e desvantagens que isso possa trazer. Nenhum empresário amish ilustra tão bem o novo cenário quanto Amós Miller, 32 anos. Há cinco anos ele transformou a fazenda do pai na Miller Farm, uma produtora e distribuidora de produtos orgânicos que chega a 26 estados. Mesmo tendo de gerir uma empresa de alcance nacional, Miller não tem carro, não usa telefone celular – e jamais se sentou diante de um computador. Miller também não tem nenhuma educação formal em negócios, já que os amish param de estudar na oitava série. “Não me sinto frustrado por não usar esses meios de comunicação modernos. Meu negócio não é dependente de computadores e eletrônicos, mas de produtos e pessoas”, diz ele.
Esse recente espírito empreendedor está chamando a atenção de estudiosos do mundo da administração. Mesmo lidando com restrições que fariam enlouquecer qualquer executivo que não consegue mais viver sem e-mail, os resultados que os amish obtêm com seus empreendimentos são espantosos: apenas 10% dos negócios fracassam nos cinco primeiros anos de vida. A média americana é cinco vezes maior. Metade dos novos negócios não sobrevive a esse mesmo período.
Mas num contexto econômico que preza a inovação, as novas tecnologias e a comunicação instantânea, como os amish conseguem prosperar? Uma observação mais próxima do modo como essa comunidade vive, se relaciona e gere seus negócios pode dar a resposta.
Notícias Cristãs com informações da Época
Daqui a 100 anos, os historiadores que quiserem traçar um retrato fiel de como vivia um americano em 2010 devem passar longe da cidade de Lancaster, no estado da Pensilvânia. Distante 200 quilômetros de Nova York, ela é uma exceção no mundo contemporâneo. No acostamento das pavimentadas rodovias que levam à cidade, charretes passam conduzidas por sujeitos de chapéu preto e barba comprida. O visitante que chega ao centro tem a impressão de entrar no cenário de um filme de época. Além dos barbudos, muitas mulheres usam vestidos pretos e véus que lhes cobrem a cabeça. No ônibus 13, que faz o trajeto entre o centro de Lancaster e a área rural, elas falam e riem de forma discreta. Mas alto o suficiente para se notar que a língua não é o inglês. Se faltava alguma prova contundente de que Lancaster não é um vilarejo do interior americano do século 21, ela está nas placas de grandes redes de varejo, como Walmart e Target, que trazem a indicação “estacionamento para cavalos e buggies”. Lá, meia dúzia de cavalos come feno enquanto seus donos fazem compras.
A impressão de que se entrou num túnel do tempo deve-se às origens de pelo menos 30% das pessoas que vivem na região de Lancaster. Elas pertencem à ordem dos amish, um grupo religioso conservador consolidado no século 18, na Europa, que migrou para os Estados Unidos fugindo de perseguições. Repleto de terras férteis que poderiam lhes garantir o sustento por meio da agricultura, o estado da Pensilvânia foi o primeiro lugar onde os imigrantes aportaram. No início, chegavam em pequenos grupos e não passavam de 3 mil pessoas. Mas tal qual pregam os versos da Bíblia, eles cresceram e se multiplicaram. Os amish formam hoje uma comunidade de 250 mil pessoas, que se distribui ao longo de 27 estados americanos e parte do Canadá. Em Lancaster vive a maior parte: cerca de 60 mil.
CRENÇA E NEGÓCIO
Desde os primeiros imigrantes, os amish dedicaram-se essencialmente à agricultura e à pecuária. Orientados pelas regras do Novo Testamento, eles conseguiram manter um estilo de vida e de trabalho do século 18, com restrições impensáveis para a maioria dos americanos hoje. Nada de energia elétrica, por exemplo, que é proibida dentro de casa. Telefone? Só o público. Veículos motorizados? Apenas carona ou ônibus. Taciturnos, vestem-se de forma simples, sem nenhum acessório que remeta à vaidade, como cinto, trocado pelo suspensório.
Uma transformação radical, porém, está começando a mudar a organização secular dessa comunidade. Todas as regiões onde os amish se encontram começaram a testemunhar o surgimento de uma enxurrada de novos negócios capitaneados por esses religiosos. A responsável pelo movimento é uma nova geração de empreendedores, que está deixando para trás o trabalho no setor primário e passando a montar os próprios negócios. Já são ao todo 9 mil empreendimentos, a metade aberta nos últimos cinco anos. Esse tempo foi suficiente para que a maioria dos amish já não tenha mais a agricultura como principal fonte de renda.
Conhecidos pelo extremo rigor quanto à adoção de novas tendências, os amish estão levando seu modo simples de vida e suas crenças para os negócios que administram – com todas as vantagens e desvantagens que isso possa trazer. Nenhum empresário amish ilustra tão bem o novo cenário quanto Amós Miller, 32 anos. Há cinco anos ele transformou a fazenda do pai na Miller Farm, uma produtora e distribuidora de produtos orgânicos que chega a 26 estados. Mesmo tendo de gerir uma empresa de alcance nacional, Miller não tem carro, não usa telefone celular – e jamais se sentou diante de um computador. Miller também não tem nenhuma educação formal em negócios, já que os amish param de estudar na oitava série. “Não me sinto frustrado por não usar esses meios de comunicação modernos. Meu negócio não é dependente de computadores e eletrônicos, mas de produtos e pessoas”, diz ele.
Esse recente espírito empreendedor está chamando a atenção de estudiosos do mundo da administração. Mesmo lidando com restrições que fariam enlouquecer qualquer executivo que não consegue mais viver sem e-mail, os resultados que os amish obtêm com seus empreendimentos são espantosos: apenas 10% dos negócios fracassam nos cinco primeiros anos de vida. A média americana é cinco vezes maior. Metade dos novos negócios não sobrevive a esse mesmo período.
Mas num contexto econômico que preza a inovação, as novas tecnologias e a comunicação instantânea, como os amish conseguem prosperar? Uma observação mais próxima do modo como essa comunidade vive, se relaciona e gere seus negócios pode dar a resposta.
Nas rodovias de Lancaster, carros andam ao lado de charretes, típico transporte amish. |
Notícias Cristãs com informações da Época
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