Fesselmann disse que, aos 38 anos, a dificuldade para dormir o fez procurar ajuda psicológica. Alertado pelo médico que seus problemas vinham de um trauma sofrido na infância, ele resgatou da memória o abuso sexual sofrido aos 11 anos. O autor do crime, segundo ele, é o padre Peter Hullermann, afastado da diocese de Essen na época dos abusos e enviado a Munique.
Fesselmann está entre as quatro pessoas que já denunciaram o antigo sacerdote por abusos no fim da década de 1970. Na época, após as denúncias, o sacerdote foi encaminhado para tratamento psicológico. Joseph Ratzibger, arcebispo de Munique na época, aceitou a transferência de Hullermann, mas pouco depois ele voltou ao trabalho em outra paróquia.
O psiquiatra Werner Huth, responsável pelo tratamento do padre, afirmou ao jornal ter advertido na época que o sacerdote não tinha condições de voltar a se aproximar de crianças. Em 1985, Hullermann voltou a ser acusado de abuso e chegou a ser preso e suspenso de suas funções na Igreja. Voltando a trabalhar no ano seguinte.
Em 2006, Fesselmann disse que procurou o padre pela internet e lhe mandou um e-mail perguntando se lembrava-se dele e se não tinha problemas de consciência pelo que havia feito, mas não obteve resposta. Dois anos depois, voltou a procurar o padre e dessa vez obteve o retorno de uma pessoa que se disse encarregada pelas denúncias de abuso na Igreja. Em 2008, a vítima foi procurada pela polícia e soube de outros três casos semelhantes.
O período dos abusos corresponde à época em que Ratzinger era cardeal arcebispo de Munique (1977-1982). A coincidência envolveu pela primeira vez o Papa de forma direta nos escândalos de pedofilia recentes. Após as constantes denúncias da imprensa europeia, Hullermann foi suspenso de suas funções há duas semanas.
Denúncia
Em meio às crescentes acusações de abuso sexual por padres na Europa e à pressão para que os bispos, em sua maioria na Irlanda, renunciem por não denunciar os casos às autoridades civis, o jornal americano The New York Times publicou uma reportagem sobre o reverendo Lawrence Murphy, acusado de abusar sexualmente de até 200 garotos surdos nos Estados Unidos entre os anos 1950 e 1970.
Entre os 25 documentos internos da Igreja que o jornal divulgou em seu site estava uma carta de 1996 sobre Murphy ao cardeal Joseph Ratzinger, então a principal autoridade doutrinária do Vaticano e agora Papa, mostrando que ele havia sido informado sobre o caso. Segundo o New York Times, ele teria se recusado a punir o padre Murphy. O Vaticano justificou, explicando que Joseph Ratzinger não havia sido informado senão 20 anos depois, quando o padre em questão estava velho e doente.
Em outra edição, o jornal americano acusou Bento XVI, então arcebispo de Munique, de ter deixado um sacerdote pedófilo alemão retomar suas atividades numa paróquia, sob o risco de cometer novos abusos. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, desmentiu.
Terra/Notícias Cristãs
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