segunda-feira, 14 de julho de 2008

Coisas que a antropologia não vê( ou não quer ver )

Sábado, 12 de Julho de 2008

Lideranças indígenas declaram apoio ao filme que denuncia infanticídio

O Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei) encaminhou ofício à ONG Atini – Voz pela Vida, promotora do filme “Hakani”, apoiando a iniciativa da entidade de mobilizar a opinião pública nacional em torno da questão do infanticídio nas tribos indígenas brasileiras.
No documento, as lideranças indígenas destacam a decisão tomada durante congresso realizado em 2005, na cidade de Porto Velho (RO), de ser contra qualquer prática cultural que se choque com o direito à vida.

“No artigo 5º de nosso estatuto, o Conplei tem como base as garantias dos direitos fundamentais da Constituição Federal e também cláusulas da Declaração Universal de Direitos Humanos, onde propomos a resgüardar, defender e pleitear os direitos indígenas junto à sociedade civil e aos poderes públicos constituídos. Esta implícita o direito a vida, tanto de um povo como de cada indivíduo que compõe este grupo. Somente pleiteando os direitos individuais poderemos de fato pleitear os direitos coletivos.”, diz o documento assinado por Henrique Terena, diretor nacional do Conplei, e Luiz Bittencourt, primeiro-secretário do Conselho.

Sobre o filme “Hakani”, cuja divulgação está sendo criticada por alguns antropólogos, as lideranças indígenas afirmam que “esse filme traduz de maneira muito eloqüente o grito dos nossos corações diante destes fatos que concorrem para dizimar nosso povo. A maneira que foi filmada, fala uma linguagem que chama a atenção da sociedade contemporânea. A estratégia usada aproximou bastante da realidade. Mesmo assim, ninguém poderá traduzir toda a dimensão dos corações esmagados de famílias inteiras tendo que sacrificar seus queridos.”

A direção do Conplei contesta as dúvidas lançadas sobre a participação dos indígenas nas cenas do filme. “Não temos dúvida quanto a espontaneidade de cada participante, porque se trata de membros de nosso Conselho, que são idôneos o suficiente para decidir. Aliás, temos certeza que cada um deles tentou expressar ao máximo o gemino que tem estado preso, porque temos companheiros que foram salvos de maneira semelhante a do filme e viram uma oportunidade expressar um pouco do sofrimento da alma indígena. Portanto, nem adultos ou crianças foram exploradas”, ressalta o documento.

O Conplei também destaca a necessidade de se ouvir as lideranças indígenas nas questões relacionadas à política indigenista no Brasil. “Chegou o tempo de sermos ouvidos com a mesma dignidade de um ser humano e brasileiro por inteiro e não apenas meio cidadão. (...) Há entre nós, indígenas bem preparados que podem dialogar de maneira prática e singular em seus argumentos, usando de maneira sábia e inteligente a língua nacional. Morando na aldeia ou na cidade, não deixamos de lado nossas riquezas culturais. Somos capazes de discernir o que é bom ou ruim à vida e à cultura e, com isso, somos responsáveis em assumir nosso destino e escolhas que vão contribuir para o nosso crescimento. Recusamos veementemente de ser meros fantoches (...)”, destaca o ofício.

Por fim, a liderança do Conplei pede que o Estado brasileiro trate o infanticídio indígena de forma ativa, informando e dialogando com a sociedade e as tribos alternativas para a solução desse problema. “Não aceitamos o infanticídio como prática cultural justificável, como também a opinião equivocada de antropólogos e indigenistas inescrupulosos com pretensão de justificar estes atos e assim decidir pelos povos indígenas, colocando em risco o futuro de etnias inteiras. A vida é um direito fundamental de qualquer pessoa na face da terra”, conclui o documento.

Cópias do ofício do Conplei enviado aos diretores da Atini, Edson e Márcia Suzuki, serão encaminhadas à presidência da OAB-Brasil e aos parlamentares do Congresso Nacional envolvidos com a questão indigenista no Brasil.

Paranashop/O Verbo


Pra quem não sabe "Hakani" é um filme desenvolvido por ativistas pró direitos dos índios e também pró direitos humanos, que mostra o quanto as famílias indigenas sofrem quando têm que matar um de seus filhos quando nascem ou defeituoos ou gêmeos ou por outros aspecctos declarados "culturais".
Crianças são condenadas à morte por serem portadoras de deficiências físicas ou mentais, por serem gêmeas ou filhas de mãe solteira.
Hakani é o nome da menina que nasceu com hipertiroidismo e, por não ter o desenvolvimento físico esperado pela tribo, foi enterrada viva, mas salva pelo irmão mais velho. Depois de abandonada pela família, a criança foi adotada pelo casal de lingüistas Marcia e Edison Suzuki. A menina, que completa 13 anos na próxima segunda-feira, vive e estuda em Brasília. Com versões em português e em inglês, o filme relata, com pequenas adaptações, a história de Hakani e pode ser assistido no site www.hakani.org, criado para ser a principal peça da campanha contra o infanticídio entre indígenas. A história da pequena índia foi revelada pelo Correio Braziliense no ano passado. Será que vale a pena tanto sofrimento por causa de uma cultura?

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